sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Justiça Eleitoral convocará Tiririca para ditado e leitura

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

A Justiça Eleitoral convocará o humorista Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o palhaço Tiririca, para a realização de um ditado e a leitura de um texto simples para verificação da condição dele de alfabetizado.

Segundo o juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, a medida servirá para que "o juízo possa analisar melhor a defesa apresentada pelo humorista na ação penal".

O juiz afirmou que Tiririca poderá se recusar a comparecer à audiência para realização dos testes ou negar-se a participar deles, pois "a lei penal estabelece que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo".

Tiririca foi acusado pelo Ministério Público de entregar à Justiça Eleitoral declarações falsas sobre sua alfabetização e bens.

A denúncia levou à abertura de uma ação penal sob a acusação da prática de falsidade ideológica contra o humorista, eleito deputado federal no último dia 3.

Silveira afirmou que se Tiririca comparecer à audiência de testes serão tomados cuidados para evitar constrangimentos ao humorista.

De acordo com o juiz, a audiência deverá contar com a presença do promotor responsável pela causa, do advogado do humorista e do perito que já elaborou um laudo no caso.

A perícia já apresentada no processo levanta a suspeita de que a declaração de alfabetização de Tiririca entregue à Justiça Eleitoral não foi redigida pelo humorista.

Silveira disse que na audiência o perito deverá pedir que Tiririca escreva um texto para a obtenção de material gráfico, para a eventual realização de novas perícias.

Em seguida, o magistrado pretende solicitar que o humorista aceite realizar um ditado com palavras simples.

Na última parte da audiência, o juiz pedirá que Tiririca faça a leitura de um texto de baixa complexidade.

Segundo Silveira, a audiência poderá ser decisiva, uma vez que antes do início da fase de depoimentos de testemunhas ele terá oportunidade de decidir pela absolvição sumária de Tiririca ou pela continuidade da causa.

Na segunda-feira, o humorista apresentou defesa em que admitiu ter tido a ajuda da mulher para escrever a declaração de alfabetização entregue à Justiça Eleitoral.

Indagado sobre o tema, o juiz da 1ª Zona Eleitoral disse à Folha que só poderia falar sobre questões de forma do processo, mas não a respeito do conteúdo da defesa ou da acusação, pois a causa está sob segredo de Justiça.

Silveira então se limitou a explicar que a constatação do crime de falsidade ideológica depende do conteúdo da declaração, ou seja, se Tiririca é realmente alfabetizado, e não da forma como o documento foi produzido.

Da Folha.com

"Se o Tiririca é analfabeto quem digita pra ele?"


Tenho acompanhado o perfil no Twitter @tiririca2222 e surgiu uma dúvida, o perfil de campanha têm 80.854 seguidores e com uma digitação perfeita para quem tem problemas motores como alegado em sua defesa (veja a postagem aqui) apresentada nesta segunda-feira.

Ou este perfil é falso ou sua esposa continua assessorando o deputado eleito e, com isso continua fazendo seus eleitores de palhaços ao fazer a postagem destacada na imagem acima... Continua brincando com a situação!

Como não se sabe da autenticidade deste perfil, não vou leva-lo em consideração até que se defina a situação do deputado eleito.

Continuarei acompanhando as ações do mesmo e sempre de olho em sua expressiva votação no estado de São Paulo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tiririca admite ajuda para redigir declaração

Deputado eleito afirma que, por ter lesão na mão, foi auxiliado pela mulher para escrever documento no qual afirma ser alfabetizado

Bruno Tavares - O Estado de S.Paulo
O palhaço Tiririca, eleito deputado federal pelo PR com 1,3 milhão de votos, admitiu que não redigiu sozinho a declaração à Justiça Eleitoral na qual afirma ser alfabetizado. Em sua defesa, entregue segunda-feira ao juiz Aloísio Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo, Francisco Everardo Oliveira Silva, Tiririca, alega que sua mulher o ajudou a escrever o documento.
Segundo ele, os anos de atividade circense causaram lesão que dificulta a aproximação do dedo indicador ao polegar.

A confissão de Tiririca confirma laudo do Instituto de Criminalística, elaborado a pedido do promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes. Peritos do IC concluíram que "o autor dos manuscritos examinados possui uma habilidade gráfica maior do que aquela que ele objetivou registrar ao longo do texto da declaração". No dia 1º deste mês, o promotor apresentou à Justiça pedido de cassação do registro de Tiririca sob a acusação de falsidade documental e ideológica.
Também embasam a defesa de Tiririca laudos e pareceres de fonoaudiólogos e psicólogos. As opiniões dos especialistas contratados pela defesa analisam suposta dificuldade de dicção dele - e seus reflexos -, além de tratar sobre as consequências que a origem familiar humilde teve em sua formação educacional.
Em setembro, Tiririca já havia sido alvo de denúncia do Ministério Público por suposta fraude ao dizer, em entrevista, que seus bens estavam em nome de terceiros. Recordista na arrecadação de verba de campanha em seu partido, o palhaço declarou à Justiça Eleitoral não ter bens em seu nome. Na reportagem, Tiririca alegou que não tem nada em seu nome por conta de processos trabalhistas e de ações movidas pela ex-mulher.
Procurado ontem, o advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto, não quis se manifestar sobre o teor da defesa apresentada à Justiça Eleitoral - justificou que o processo corre em segredo de Justiça. Porto assevera que seu cliente é alfabetizado e que ele não cometeu crime eleitoral.
Assim que receber os autos do Ministério Público, o juiz deve decidir se absolve Tiririca sumariamente ou se inicia a fase de instrução do processo.

Do Estadão.com.br

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Justiça admite fazer teste de alfabetização com Tiririca e decreta sigilo em processo

FLAVIO FERREIRA
DANIELA LIMA

O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, afirmou em despacho que entende necessária a realização de um teste para verificar, de forma reservada e individualmente, se o humorista Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, é alfabetizado. Tiririca foi o candidato a deputado federal mais votado no Estado, com 1,3 milhão de votos.

Para que a avaliação ocorra sem constragimentos, o magistrado decretou segredo de justiça no processo.

Com a medida o juiz atendeu a pedido feito pelo advogado Ricardo Vita Porto, que apresentou nesta segunda a defesa de Tiririca na ação penal em que o deputado eleito é acusado de prestar declarações falsas sobre sua alfabetização e propriedade de bens.

Esse processo pode levar à aplicação de uma pena de um a cinco anos de prisão, mas não pode impedir a diplomação do humorista, prevista para dezembro.

Em despacho de ontem, Silveira declarou: "considerando a documentação que instrui a defesa bem como a necessidade de se fazer cumprir a exigência prevista no art. 26, § 9º, da Resolução nº 23.221, defiro que a ação penal doravante se processe em segredo de justiça".

A resolução citada pelo juiz estabelece que na falta de comprovantes de escolaridades os juízes eleitorais podem verificar a alfabetização de candidatos "por outros meios, desde que individual e reservadamente".

REPRESENTAÇÃO

O promotor Maurício Lopes virou alvo de representação no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Na peça, ele é questionado por ser autor de "manifestações públicas inadequadas, exageradas e preconceituosas" contra o humorista.

A representação foi protocolada ontem pelo conselheiro Bruno Dantas. No documento, ele afirma que a conduta de Lopes é "incompatível" com o princípio da "impessoalidade".

"O promotor optou pela desmoralização pública do candidato eleito, ao invés de pautar sua atuação na técnica processual, como faz a maioria dos membros do Ministério Público, que não depende dos holofotes", ressaltou Dantas na peça.

A representação tem como base entrevistas, nas quais o promotor trata o caso Tiririca como uma "questão de honra" e "estelionato eleitoral".

Desde que Tiririca foi eleito, Maurício Lopes fez duas acusações contra ele, alegando que o palhaço apresentou declarações falsas sobre sua alfabetização e bens.

Procurado pela Folha, o promotor disse que a representação é um "exagero". "É uma tentativa de desqualificar o acusador para beneficiar o réu", afirmou.

REPÚDIO


Em nota pública divulgada hoje, o presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil seccional São Paulo), Luiz Flávio Borges D'Urso afirma repudiar "veementemente" a declaração de Maurício Antonio Ribeiro Lopes, que, em entrevista ao "Correio Braziliense", usou a expressão "advogado é sórdido", quando comentava decisão do advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto, de entregar a defesa somente dez minutos antes do final do prazo legal.

D'Urso diz que a OAB-SP recebe o pedido de desagravo público a Porto e que um processo legal será instaurado visando a reparação moral do advogado.

O presidente da entidade afirma que "empresta solidariedade da toda a classe" ao advogado e insinua na nota que a OAB-SP pode tomar outras medidas contra o promotor.

sábado, 23 de outubro de 2010

Advogado de Tiririca diz que vai entregar defesa na segunda

Ricardo Porto diz que deputado eleito vai se colocar à disposição do juiz.
Defesa de Tiririca também anuncia representação contra promotor.

Do G1, em São Paulo

O advogado Ricardo Porto, que reprensenta o deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, afirmou nesta sexta-feira (22) que vai entregar na segunda-feira (25) a defesa no processo que investiga se ele é alfabetizado e se teria cometido crime de falsificação. Segundo Porto, Tiririca vai se colocar à disposição do juiz e fará o teste de alfabetização se for solicitado.

Porto anunciou ainda que protocolou representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com cópias para a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) e Procuradoria Geral de Justiça, contra o promotor Maurício Ribeiro Lopes. Ele afirma que Lopes cometeu crime de injúria ao fazer uma afirmação sobre os advogados em entrevista ao Correio Braziliense.

“Advogado é sórdido. (...) Mas, se eu fosse advogado do Tiririca, também protocolaria a defesa dele às 18h50, 10 minutos antes de o fórum fechar”, disse Lopes ao jornal de Brasília, fazendo referência à estratégia de defesa de Tiririca.

G1 não obteve contato com o promotor na noite desta sexta-feira.

Defesa
Sobre a defesa, o advogado afirmou que não vai entregar nenhum comprovante de escolaridade de Tiririca e que apenas vai afirmar que o deputado eleito se coloca à disposição do juiz eleitoral. Ele afirmou que, se for determinado pelo magistrado, Tiririca não vai se opôr à realização do teste que comprovaria sua alfabetização.

Porto afirmou que o candidato ainda está no Ceará, para onde viajou logo após o primeiro turno das  eleições.

Portal G1

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Votos do deputado Tiririca não devem ser anulados


Por Antônio Augusto Mayer dos Santos
Francisco Everardo (assim mesmo, com a consoante erre em vez do ele) Oliveira Silva se apresentava três vezes por semana na televisão, por 35 segundos cada uma delas. Sempre rindo, alegre e dançando. Embora possa parecer pouco, este tempo se revelou suficiente. Ou melhor: suficiente para determinar uma conquista.
Durante a campanha eleitoral, recebeu e aceitou convites para gravar sua performance no horário eleitoral de candidatos no Amazonas, Ceará e na Bahia. Utilizou um bordão: “vote em Tiririca, pior do que tá não fica”. Deu certo. Com a fantasia colorida de palhaço, repetindo a expressão “abestado”, Tiririca se elegeu Deputado Federal com 1.353.820 votos. Por conta disso, representará o Estado de São Paulo na Câmara dos Deputados pelos próximos quatro anos.
Contudo, após esta substancial (e previsível) votação popular, o eleito virou réu. Ora acusam-no de analfabeto, ora de falsidade ideológica. Em entrevista concedida à uma revista de circulação nacional, o humorista teria afirmado que declarou ao TSE não possuir nenhum bem em seu nome pois teria transferido o seu patrimônio em nome de terceiros em razão de demandas trabalhistas.
De prático, a Justiça Eleitoral aceitou uma denúncia-crime formalizada pelo Ministério Público argüindo a falsificação de assinaturas numa prova técnica apresentada pelo humorista ao TRE/SP. Em 22 de setembro, o MPE havia manifestado que Tiririca é analfabeto, situação que violaria um dos requisitos para ele se apresentar candidato. A base da acusação está no (vetusto) Código Eleitoral brasileiro, o qual estabelece reclusão de cinco anos e pagamento de multa para quem “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”.
Isto mesmo: o Código de 1965, uma verdadeira colcha de retalhos dominada por textos quase líricos neste terceiro milênio de urnas eletrônicas, estabelece uma pena de reclusão mais elevada do que aquela para o furto e outros delitos graves. Uma anacronia mas é a lei vigente.
Não obstante o imbróglio jurídico, Tiririca será diplomado e empossado Deputado Federal. Se a um ângulo é certo que o momento jurídico para argüição desta suposta inelegibilidade por analfabetismo escoou durante o registro, não menos certa é a circunstância de que por se tratar de matéria prevista pela Constituição Federal, a questão pode, em tese, determinar outros processos impugnatórios. Estes, contudo, a par de discutíveis, somente poderão ser deflagrados na Justiça Eleitoral após a diplomação.
Além disso, fique claro que como disputou a vaga de deputado em condições absolutamente legais e normais, não tendo sido impugnado (o prazo para esta providência terminou em 03.08.2010) e tendo seu pedido de registro (protocolo nº 293620) sido deferido (em 12.08.2010) pela ilustra juíza relatora do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, os seus 1.353.820 votos, todos decorrentes da vontade livre e soberana dos eleitores, são insuscetíveis de anulação, nem mesmo se houver a cassação do mandato. Afinal, durante a campanha, o candidato estava “na forma da lei”.
Por fim, é de se dizer que várias, para não dizer a maioria das decisões nesta matéria (argüição de analfabetismo) admitem que predomina a conservação do mandato eletivo ante o princípio do estado democrático de direito, o qual privilegia o respeito à manifestação soberana do eleitor.
Antônio Augusto Mayer dos Santos é advogado especialista em direito eleitoral, professor e autor do livro “Reforma Política – inércia e controvérsias” (Editora Age). Às segundas, escreve no Blog do Mílton Jung.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ação judicial não impede diplomação de Tiririca

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO



Uma eventual ação judicial para cassar o mandato de Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, por conta do suposto analfabetismo do humorista, só poderá ser apresentada à Justiça após a diplomação dos candidatos eleitos, marcada para dezembro, segundo o Ministério Público Federal.

O procurador regional eleitoral em São Paulo, Pedro Barbosa, diz que antes da diplomação só podem ser adotadas medidas judiciais contra o mandato de candidatos em situações mais graves que a de analfabetismo, como em casos de abuso de poder político ou econômico.

Barbosa afirma que a apuração do caso está sendo feita com rigor, mas também com cautela. "Várias decisões da Justiça Eleitoral declaram que devem ser aceitas as candidaturas de pessoas que tenham noções, mesmo que rudimentares, de escrita e leitura", diz o procurador.

Já existe uma ação em curso contra Tiririca por conta da suspeita de que ele tenha falsificado uma declaração de que é alfabetizado para registrar a candidatura dele.

Porém o processo foi iniciado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, e pode resultar em uma condenação de prisão de até cinco anos, mas não na cassação do mandato de Tiririca, votado por 1,3 milhão de pessoas.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tiririca tem até o dia 23 para apresentar defesa

PEDRO DA ROCHA - Agência Estado
O candidato eleito a deputado federal, Francisco Everardo Oliveira Silva, conhecido como Tiririca, terá que apresentar, até o dia 23, defesa na ação penal que apura se ele é alfabetizado, como declarou para concorrer ao cargo. Ele foi notificado hoje no diretório do Partido da República (PR).
Segundo o juiz Aloísio Sérgio Rezende Silveira, da 1ª Zona Eleitoral, onde tramita o processo, essa ação não impede a diplomação do candidato eleito. "Somente uma eventual condenação transitada em julgado poderá vir a afetar seu mandato", diz o juiz. Uma vez diplomado, o candidato passa a ter foro privilegiado e o processo é encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Outra denúncia contra Tiririca apura possível omissão da declaração de bens no pedido de registro de candidatura. Para essa ação o Ministério Público Eleitoral se baseou no art. 350 do Código Eleitoral, que prevê pena de até cinco anos de reclusão e o pagamento de multa por declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita para fins eleitorais em documento público. 

domingo, 10 de outubro de 2010

Filho de Tiririca diz que seu pai sabe ler e está curtindo praia em Fortaleza

PAOLA VASCONCELOS
COLABORAÇÃO PARA A 
FOLHA, DE FORTALEZA (CE)


O humorista Tiririca, eleito o deputado federal mais votado do Brasil, ainda está descansando com a família, em Fortaleza (CE). De acordo com seu filho, Everson Silva, o palhaço Tirulipa, ele está numa praia próxima à capital cearense, "só curtindo", e deve se apresentar à Justiça de São Paulo para provar que sabe ler e escrever, em 14 de outubro.

Silva não quis dizer o nome da praia, mas afirmou que se encontra com o pai quase todas as manhãs, desde que ele chegou à cidade, após a eleição.

Segundo denúncia do Ministério Público Eleitoral, acatada pela Justiça, Tiririca falsificou o documento que apresentou para mostrar que é alfabetizado.

Tirulipa afirmou que o pai não é analfabeto. Ele acredita que mais "coisas" devem surgir, na tentativa de prejudicar o humorista.

"Ele sabe ler. O problema é o seguinte: vão vir mais coisas, não vai ser só isso não. Começaram com um lance de um terreno que meu pai tinha, que havia passado para o nome da minha avó e foram atrás disso aí. Depois, foi a do analfabetismo. Depois foi o negócio da morte. Disseram que meu pai tinha morrido, no sábado antes da eleição, na internet", disse.

Para Silva, as acusações contra seu pai são decorrentes de interesses da oposição, pelo fato de sua votação ter levado para a Câmara mais três candidatos e ter excluído outros.

"Meu pai disse: 'Não vou dar margem para isso, porque vão bater de todo jeito'. Não é nem pelo meu pai, é pelo partido e as pessoas que ele levou. Acho que a galera não está preocupada com ele. Ele é um cara bacana, é um cara legal. Eles devem estar fazendo isso em nome dos caras", disse.

Apesar da polêmica, Silva disse que o pai está muito bem e "feliz pra caramba".

Segundo o palhaço, o desejo de Tiririca é somente se apresentar à mídia depois que for submetido ao teste na Justiça.

"Ele tem que provar primeiro. Vai voltar para São Paulo, fazer a prova dia 14, depois ele vai se apresentar para a mídia."

Deixem o palhaço legislar

Tiririca é o novo herói nacional. A expressão mais raivosa e consistente do voto de protesto contra o corpo político brasileiro. Que a Justiça esteja já acionada para cassá-lo por suposto analfabetismo revela como o palhaço/deputado federal mais votado do país ameaça o sistema. O deboche e o humor são armas poderosas.

E que boa piada: uma Justiça sem dentes para barrar os eternos abutres da política afia suas garras diante do palhaço nordestino que, como nosso consagrado presidente, veio de muito baixo na pirâmide social para afirmar-se de forma retumbante em São Paulo.

Quem conhece e representa melhor o Brasil profundo do que o palhaço Tiririca hoje na política? Só Lula. Que elitismo suspeito esse preconceito contra o suposto analfabetismo do palhaço. Quem melhor que um analfabeto ou semi-analfabeto para representar os milhões de mal educados do país? Analfabeto não é incapaz nem criminoso para ter direitos políticos limitados. Muito pelo contrário, é vítima da má gestão desta obrigação pública mais básica que é a educação.

Se a Wikipédia está certa, o palhaço Tiririca começou a vida no circo aos 8 anos, em Itapipoca, no Ceará, e estourou regionalmente com a música "Florentina", que a Sony Music tornou megahit nacional em 1996.

Ele já teve problemas com a lei naquela época por causa da música "Veja os Cabelos Dela", que lhe rendeu uma acusação de racismo, da qual foi inocentado. A letra, puro Tiririca, dizia: "Veja, veja, veja, veja, veja os cabelos dela/Parece bombril, de ariá panela/Parece bombril, de ariá panela/Quando ela passa, me chama atenção/Mas os seus cabelos, não tem jeito não/A sua caatinga quase me desmaiou/Olha eu não aguento, é grande o seu fedor".

Uau!

A singeleza sempre foi seu atributo. Os jingles e os spots de sua campanha, feitos de forma despretensiosa por amigos humoristas, devem ser estudados pelos caríssimos marqueteiros de plantão. São a maior lição de marketing político desta campanha.

Dançando daquele jeito nordestino, o palhaço canta meio preguiçoso: "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto", ou "Pior do que tá não fica, vote Tiririca". Bingo!

Os mais de 1,3 milhão de votos que Tiririca teve em São Paulo não podem ser desclassificados por essa Justiça incapaz de julgar os que deveriam ser julgados e que ainda por cima pode barrar a melhor notícia desta eleição: a lei da ficha limpa.

Deixem Tiririca legislar. Queremos vê-lo dançando no tapete do Congresso e discursando daquele jeito engraçado no microfone do plenário. Estará, legitimamente, representando muita gente. Dos que enfrentam as mesmas dificuldades e preconceitos que ele enfrentou e enfrenta aos que acham que a política brasileira é uma grande piada.

Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos Dinheiro (2004-2010) e Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha.com às quintas.



sábado, 9 de outubro de 2010

Terra natal de Tiririca não encontra registro de sua alfabetização

Matrícula do deputado mais votado não é achada nos colégios mais antigos.
No título de eleitor, tirado no Ceará, ele declara ter ensino fundamental.

Roney DomingosDo G1 SP, em Itapipoca (CE)
Eleito deputado federal por São Paulo com 1,35 milhão de votos, mas ameaçado de ficar sem a vaga em razão da suspeita de ser analfabeto e de ter fraudado sua declaração de escolaridade, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, de 45 anos, é uma celebridade nas ruas de Itapipoca, mas é difícil encontrar na cidade quem se lembre dele no banco escolar. O G1 conversou nesta semana com diretores dos quatro colégios mais antigos da cidade, o Anastácio Alves Braga, o Joaquim Magalhães, o Murilo Cerpa e o Monsenhor Tabosa, que não encontraram documentos sobre a vida escolar do deputado que mais recebeu votos no Brasil. A reportagem falou também com amigos e com o prefeito da cidade natal do humorista.
Tiririca desembarcou em Fortaleza no próprio domingo (3), pouco após a votação se encerrar, para descansar da campanha e se afastar da polêmica em torno de sua escolaridade.
Ele é alvo de duas representações na Justiça. Uma delas já foi aceita pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, que deu prazo de dez dias para que a defesa de Tiririca se manifeste. Nesta representação, o promotor afirma que Tiririca é analfabeto, o que descumpre uma exigência constitucional para aqueles que pretendem ocupar cargos eletivos. A outra tem relação com a possibilidade de o candidato ter falsificado a declaração de próprio punho entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O documento é um substituto para comprovante de alfabetização.
Coordenadora do colégio Anastácio Alves Braga, fundado em 1938, Maria Esmeralda Montenegro Alves, de 72 anos, destacou, a pedido da imprensa, um funcionário para tentar localizar Tiririca nos registros. "Fizemos uma investigação no arquivo morto, no diário de classe e no livro de matrículas, mas não encontramos nada", disse na tarde desta sexta-feira (8). A busca foi feita durante três dias. "Eu conheço ele de nome, mas lembrar que ele estudava aqui eu não lembro porque é tanta criança que passa pelas nossas mãos. Pode ser que a gente chamasse ele pelo nome, mas Everardo são muitos." Ela disse ainda que só voltará a fazer nova pesquisa se houver uma solicitação formal.
Itamar Marques, de 31 anos, diretor do colégio Joaquim Magalhães, que existe desde 1945, afirmou que lá também não há registros sobre Tiririca. "Já fizemos essa pesquisa e não detectamos nada." Tiririca também não passou pelo Murilo Cerpa, fundado em 1975. "Não há nos arquivos o nome dele", disse a diretora Maria Lucivanda Soares, de 40 anos. A diretoria do colégio Monsenhor Tabosa, fundado há 43 anos e afastado do centro, também disse não ter registro da matrícula de Tiririca.

Fora esses quatro colégios, a cidade tem escolas fundadas apenas após o candidato completar a idade referente ao ensino fundamental.
Consultada pelo G1, a Secretaria Estadual de Educação do Ceará disse que não pode divulgar nenhum dado, a não ser a pedido do aluno.
Apesar da falta de registros oficiais, não é possível garantir que Tiririca não tenha estudado, já que grande parte das crianças da periferia se preparava em casa antes de ingressar na escola formal. E ele vivia de forma itinerante com a família entre os bairros Picos, Jenipapo e Olho D'Água, na periferia pobre da cidade. Moradores dos bairros onde Tiririca viveu reforçam a possibilidade de ele ter tomado aulas de ensino fundamental em casas particulares.
Quem dava aula nestes locais era a professora Ana Isa Ávila de Braga, que hoje tem 78 anos. Ela disse ao G1, no entanto, não se lembrar nem ter registros que possam comprovar a presença dele nas aulas.
"Fui professora de 1948 até 1977, no Jenipapo, no Circo Operário. Eu só sei do Tiririca na televisão. Nunca conversei pessoalmente com ele. E eu conheço todos os meus alunos, como o José Dário, o filho do Sebastião Matias... Se ele tivesse sido meu aluno, eu recordava. Daqui deste bairro, só existia eu e depois a minha irmã, que também não lembra de ter dado aula para ele", afirmou.
A certidão de nascimento de Tiririca, registrada em 1982, quando ele já tinha 17 anos, informa que o hoje deputado federal nasceu em 1965. O documento tem a assinatura do pai de Tiririca, Fernando Oliveira Silva, uma letra elogiada pela tabeliã Amélia Souza Frota.
Ela disse que, na época, era comum em Itapipoca que os pais deixassem para registrar os filhos na adolescência e isso não impedia que tivessem vida escolar. No título de eleitor de Tiririca, registrado em Canindé, cidade vizinha a Itapipoca, e transferido em 2009 para São Paulo, o humorista declarou ter o ensino fundamental completo e colocou como ocupação "ator e diretor de espetáculos públicos".
O ex-prefeito de Itapipoca Paulo Maciel, de 73 anos, lembra que o pai de Tiririca, Fernando Oliveira Silva, ensinou o hoje deputado federal a trabalhar no circo. A mãe do humorista, Maria Alice da Silva, também atuava. Tiririca ajudava os políticos da época a atrair eleitores para comícios, com piadas fortes. "Eles eram uma família muito pobre, passavam até fome, porque o dinheiro do circo não dava. E a gente procurava ajudar." Quando não estava no circo, a família ficava em frente à prefeitura em busca de oportunidades de pequenos trabalhos ou de acesso ao cafezinho do expediente.
Menino-cachorro
O circo mambembe da família de Tiririca era ainda alvo de espectadores insatisfeitos com as bricandeiras. "Chamavam para ver o menino que virava cachorro. Aí aparecia o Tiririca com um cachorro pequeno na mão e virava o bicho. Às vezes chamavam para ver a mulher que virava peixe e aí a mãe do Tiririca aparecia com um peixe na frigideira. O povo quebrava tudo", lembrou.
Franciné Rodrigues de Souza, de 41 anos, que disse ser primo distante de Tiririca, lembrou que o circo de Tiririca ficava no bairro Boa Vista ao lado do estádio e no terreno onde hoje funciona o colégio Paraíso do Saber. "Tinha um espaço ali. O circo era ali". Tiririca estava sempre mudando de lugar. "Ele morou também no bairro Ladeira, depois morou entre os bairros Picos e Jenipapo", disse.
Morador nos Picos, bairro da periferia da cidade conhecido por este nome por causa das montanhas pontiagudas de mata agreste, o pastor de cabras José Américo de Lima Teixeira, o Miudinho, de 67 anos, disse que jogava bola com Tiririca perto da estação de trem. "Ele sempre morou nos Picos, mas sempre estava no centro de Itapipoca", afirmou.
Morador em Itapipoca desde que nasceu, Flávio Muniz, de 53 anos, disse que ouviu de um antigo contador de histórias de Itapipoca, seu Jerônimo, morto há cinco anos, que Tiririca estudou com Ana Braga e seu pai, Chico Braga, no bairro Jenipapo.
Mistério
O prefeito de Itapipoca, João Barroso (PSDB), disse ao G1 que conversou com Tiririca "apenas por telefone" após as eleições. Disse que não hospedou o humorista em sua casa e também não sabe do paradeiro dele. Barroso quer fazer uma homenagem ao humorista e chamá-lo para inaugurar um circo-escola em construção, mas antes espera que baixe a poeira sobre a escolaridade do conterrâneo.
Paulo Maciel Filho, amigo de infância de Tiririca e dono da pousada Gaivota, na Praia da Baleia, contou que Tiririca já teve dias de descanso na praia algumas vezes. Afirmou, no entanto, que ele também não esteve por lá depois de eleito. "Se ele estivesse eu saberia, porque ela adora bater bola com o pessoal na praia", afirmou.
Com votos suficientes para se eleger prefeito de Itapipoca por 43 vezes (caso isso fosse possível), Tiririca aquece as esperanças de que a cidade ganhe força na Câmara dos Deputados. "Ele é deputado por São Paulo, mas pode dar uma forcinha à bancada do Ceará", disse o prefeito João Barroso.
Já inseridos na polêmica, os itapipoquenses se revoltam com a possibilidade de Tiririca ficar fora da Câmara. Para Flávio Muniz, mesmo que seja analfabeto, Tiririca tem direito a ser eleito, uma vez que ele sempre votou. "O que prova é o papel. Se ele fosse analfabeto, não votava. Se ele tem direito de votar, tem direito de ser eleito", afirmou Flávio Muniz.

Tiririca é o deputado federal mais votado do Brasil


Eleito deputado federal por São Paulo com 1,35 milhão de votos, mas ameaçado de ficar sem a vaga em razão da suspeita de ser analfabeto e de ter fraudado sua declaração de escolaridade, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, de 45 anos, é uma celebridade nas ruas de Itapipoca, mas é difícil encontrar na cidade quem se lembre dele no banco escolar.


Resultado de uma expressiva e inconsequente votação, votos de protesto ou analfabetismo eleitoral, levou consigo mais 3 deputados da coligação em que participou.


Estarei de olho em suas ações na Câmara de Deputados, acompanhando seus passos e fazendo valer cada voto inconsequente que teve a seu favor. Você votou por analfabetismo eleitoral, agora eu acompanho o mandato dele.


Isto tudo só se realizará se ele for diplomado como Deputado Federal.